Debates de qualidade encerram o 4º Seminário em Enfermagem na Saúde da Mulher, em Belém

17.04.2025

O 4º Seminário em Enfermagem na Saúde da Mulher promovido pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren-PA) reuniu, em seu segundo dia (15.04), profissionais de Enfermagem e convidados em debates de qualidade que visaram a ampliação da qualificação profissional.

No inicio dos debates, Elisanete Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (ABENFO), discorreu sobre a importância do planejamento reprodutivo como meio de prevenir, além da gravidez indesejada, a morte materna e neonatal. “Cerca de 55% das gravidezes são indesejadas e para cuidar disso, o primeiro trabalho que nós, Enfermeiros, devemos ter é o da escuta, a fim de conhecer a rotina e os desejos daquela paciente” esclareceu.

Elisanete destacou ainda sobre a importância da orientação em consulta sobre os métodos contraceptivos, destacando o curso de “Capacitação em Enfermagem ginecológica e inserção de DIU”, ofertado pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que capacitou 11 estados e mais de 100 profissionais entre 2019 e 2024.

Em seguida a Enfermeira Karen Cuimar ministrou uma palestra sobre o pré-natal voltado aos povos e comunidades tradicionais, abordando a necessidade de um atendimento culturalmente sensível, que vise a promoção da saúde a esses povos, levando em conta seus costumes e ritos.

Já na mesa-redonda, o tema ”O cuidado pré-natal para a população LGBTQIAPN+ e a violência obstétrica contra a mulher e ao homem trans” puxou o debate. Para discursar a respeito do assunto, foi convidada Luíza Vieira, mestranda em Direitos Humanos na Universidade Federal do Pará, que expôs sobre letramento de gênero: “Essa concepção do parir, como algo exclusivamente feminino, precisa ser reinventada, considerando que há outros corpos capazes de gestar, a exemplo de homens trans e pessoas não binárias”, afirmou. A palestra dividiu espaço com o Enfermeiro Raimundo Picanço, que abordou os aspectos ligados à saúde dessa população e à necessidade de empatia: “Às vezes, o pré-natal já é ‘coisificado’, avalia-se só os sintomas sem perguntar ao paciente como foi a semana dele, por exemplo”, destacou.

À tarde, a palestrante Danielle Cruz, Enfermeira, professora universitária e presidente do Conselho Estadual de Saúde, falou sobre os cuidados das mulheres no climatério, na menopausa e, sobretudo, na endometriose, destacando a necessidade de assistir à população feminina em todos os seus ciclos de vida. “Nós, enquanto profissionais, precisamos perceber essa mulher para além da sua sintomatologia, pois essa fase – o climatério e posteriormente a menopausa – implica na sua qualidade de vida”, alertou. Sobre a endometriose, Danielle citou sua própria experiência como portadora da doença, explicando que sentir dor não é normal e que é necessário ficar atento aos sintomas.

A palestra seguinte foi da Enfermeira obstétrica e neonatal Gabriela Bertoche que palestrou sobre parto domiciliar planejado, sua história e evidências científicas de que, apesar de temores populares, não há riscos adicionais se comparado aos partos hospitalares. “A maior parte das mulheres que procuram o parto domiciliar é porque já sofreu de uma violência obstétrica antes, e o busca [o parto domiciliar], pois o foco do parto em casa é justamente o conforto da parturiente”, ressaltou.

A advogada Luzia Moraes, ratificando a fala da enfermeira obstétrica, compartilhou sua experiência nos partos hospitalar e domiciliar de seus filhos, relatando que o primeiro, no hospital, foi “um show de horrores”, pois, além de muitos toques indesejados, não entendia o que estava acontecendo. Então, em seu segundo filho, optou pelo parto domiciliar. “Parir é uma experiência visceral e, no momento que a dor é tanta, o mais interessante (do parto em domicílio planejado) é a liberdade de posição que se tem”, relatou.

O encerramento do “4º Seminário em Enfermagem na Saúde da Mulher” foi marcado por muitos agradecimentos dos profissionais pela realização do evento e o compromisso de reproduzir o conhecimento nas diversas áreas de atuação da enfermagem na região Norte.