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Movimento Saúde Sustentável destaca práticas realizadas pela Enfermagem na Santa Casa, em Belém


14.11.2025

O Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA) levou o Movimento Saúde Sustentável: Da Amazônia para o Mundo, por meio dos “Roteiros da Sustentabilidade”, para uma visita técnica à Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), em Belém. A atividade, realizada em 6 de outubro, contou com a presença da conselheira federal do Cofen, Ludimilla Cunha, e da coordenadora da Comissão de Educação Permanente do Coren-PA, Danielle Cruz. As representantes foram acompanhadas pela coordenadora geral de Enfermagem da Santa Casa, Benedita Moraes, e por Elizanete Carvalho, coordenadora da Comissão de Saúde da Mulher do Conselho. O grupo conheceu de perto as práticas sustentáveis que vêm sendo desenvolvidas pela equipe de Enfermagem e por outros profissionais da instituição – referência no cuidado materno-infantil no estado.

De acordo com Ludimilla Cunha, o projeto tem como objetivo identificar e valorizar as iniciativas sustentáveis aplicadas nas instituições de saúde, especialmente aquelas lideradas pela Enfermagem. “A gente vai até a instituição para conhecer as práticas sustentáveis que estão sendo utilizadas e também as realizadas diariamente pelos profissionais de Enfermagem, que impactam diretamente em mais acolhimento, redução das taxas de mortalidade e adoecimento, e melhoria de processos”, destacou.

Práticas ambientais sustentáveis

Entre as ações observadas, destaca-se o uso de energia limpa, que abastece parte significativa das demandas do hospital — inclusive o aquecimento da água utilizada nos banhos de recém-nascidos com placas solares. A medida representa não apenas economia energética, mas também o compromisso com uma matriz de consumo mais sustentável.

Outro avanço importante é a digitalização dos sistemas hospitalares, que reduziu quase totalmente o uso de papel. Os registros clínicos, prescrições e mapas de cirurgia passaram a ser feitos de forma eletrônica, diminuindo o desperdício e agilizando processos.

O Centro Cirúrgico Adulto também adotou kits cirúrgicos descartáveis (LAP), que auxiliam no controle de uso, reduzem riscos de infecção, diminuem a necessidade de antibióticos e encurtam o tempo de internação — pequenas mudanças que, somadas, geram impactos significativos na segurança do paciente e na sustentabilidade do cuidado.

No setor de hotelaria da FSCMPA, o Enfermeiro Marcos William apresentou iniciativas de reaproveitamento de materiais hospitalares, como mantas impermeáveis, transformadas em ecobags, porta-talheres e redes utilizadas em UTIs neonatais.“Esses materiais são totalmente sustentáveis. Conseguimos aproveitar tudo o que é utilizado dentro da Fundação”, explicou.

O viés humano da sustentabilidade

Reconhecida pelo trabalho no atendimento materno-infantil, a Santa Casa também se destaca por iniciativas que reforçam a dimensão social da sustentabilidade. Um dos principais exemplos é a Casa da Gestante, espaço que acolhe gestantes de alto risco e mulheres no puerpério, especialmente vindas de municípios distantes. O local funciona como um lar temporário, com quartos, cozinha, lavanderia e sala de convivência, oferecendo acolhimento e dignidade durante o tratamento.

Daniele Lima, paciente de Cachoeira do Piriá, está hospedada há três meses.“Aqui me ajudaram a ter fé e força para conseguir ter minha filha. Fui acolhida, cuidada e tratada com muito carinho”, contou. Outra hóspede, Joseli dos Santos, reforça: “Sou muito agradecida às enfermeiras e médicas pelo bom atendimento. Se não fosse a Casa, não sei o que seria de nós, porque muitas mães vêm de fora e não têm onde ficar.”

A coordenadora da Comissão de Educação Permanente do Coren-PA, Danielle Cruz destaca o papel social da iniciativa: “A sustentabilidade não é apenas ambiental, é também social. Esse espaço fortalece vínculos e oferece apoio integral às gestantes e suas famílias.”

No Centro de Parto Normal, práticas integrativas e o uso de fitoterápicos garantem o bem-estar das parturientes. O parto normal é amplamente apoiado pela equipe de Enfermeiros obstetras. “O parto normal reduz o risco de infecção, o tempo de internação, facilita a amamentação e o contato pele a pele. Além disso, não gera impactos ambientais”, explica Michele Pinho, gerente da unidade.

A instituição também mantém um Banco de Leite Humano, que beneficia recém-nascidos internados na UTI neonatal e mães que enfrentam dificuldades na amamentação.

Eficiência, cuidado e inovação

A visão ampliada de sustentabilidade, que une o cuidado humano à gestão eficiente, reflete-se também no processo de desospitalização. O Núcleo de Regulação Interna atua na melhoria de fluxos e na identificação de casos clínicos que demandam atenção específica, garantindo tempo de internação adequado e alta segura. Parte da equipe é formada por Enfermeiras gestoras de fluxo, que articulam setores e acompanham diretamente os pacientes. “Essa atuação é essencial para o acolhimento singular dos pacientes, de acordo com suas necessidades”, afirma Gisele Melo, integrante do setor.

Casos de sucesso reforçam essa estratégia. No tratamento de recém-nascidos com encefalocele, o tempo médio de internação foi reduzido de meses para cerca de 20 dias, com cirurgias dispensadas e tratamento ambulatorial contínuo. Situação semelhante ocorre com mulheres vítimas de escalpelamento, atendidas sob coordenação da enfermeira Socorro Ruivo, que desenvolveu um modelo de cuidado ambulatorial mais humanizado, com menor sangramento e maior conforto emocional.

Na UTI Pediátrica São Damião, o projeto “Hora do Soninho” instituiu momentos de silêncio e repouso, priorizando o conforto e a recuperação das crianças. A Enfermeira intensivista Sandra Barbosa destaca que a valorização da equipe também é parte da sustentabilidade. “Tudo está relacionado. Só consigo fazer um protocolo funcionar se tiver uma equipe fortalecida, orientada e treinada”, afirmou.

Outro exemplo de inovação e economia é a Central de Manipulação de Misturas Intravenosas, responsável pela unitarização de antibióticos para as UTIs pediátrica e neonatal. O processo permite o compartilhamento seguro de medicamentos, reduz o descarte e gera uma economia estimada em 80%.“A gente tem todo um cuidado no manejo e agilidade no atendimento. Isso faz diferença na rotina da UTI”, explicou Suzy, técnica de Enfermagem do setor.

“Mostramos que o protagonismo não é só da Enfermagem, mas de toda a equipe multidisciplinar. Trabalhamos práticas sustentáveis de forma integrada”, concluiu Benedita Moraes, coordenadora geral de Enfermagem da FSCM.

A soma dessas ações demonstra o compromisso da Santa Casa com a eficiência dos serviços de saúde e a transformação da cultura hospitalar, rumo a um modelo de cuidado sustentável, econômico e humano. A Enfermagem, mais uma vez, se destaca como força motriz dessas mudanças — traduzindo o conceito de sustentabilidade em cuidado, empatia e compromisso com a vida.

O Coren-PA, por meio do Movimento Saúde Sustentável, segue incentivando e divulgando boas práticas com foco socioambiental. Instituições interessadas em apresentar seus projetos podem entrar em contato pelo e-mail cep@corenpa.org.br e agendar uma visita técnica.

 

Texto e Imagens: Ascom/Coren-PA

 

Confira as imagens da visita:

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